Vai um descontinho?
Olá, meninas! Lá estou eu para mais uma semana no meu blog, com um atraso de 15 dias, é certo, mas cá estou eu! Não podia deixar de iniciar a conversa falando do meu famoso TikTok. Uau, acreditem, foi uma brincadeira espontânea, inspirada em outros colegas, confesso, e que se tornou viral em 2 dias!!! Verdade, em 2 dias no TikTok tivemos um alcance, até a hora que estou a escrever o blog, de 89,5 mil visualizações, 1927 likes, 34 comentários e bastantes partilhas. Nem eu imaginei que se tornaria este fenômeno.
No Facebook, as opiniões dividiram-se, quer dizer! Em 87 comentários, 4 pessoas não acharam piada. Respeito, pois nem todos temos o mesmo sentido de humor, mas, no geral, foi um sucesso. Colegas de trabalho falaram de mim em diretos, outros comentaram o vídeo. Na rua foi muito engraçado, uma senhora mandou um grito do outro lado do passeio e disse: "Menina Carla, faz um descontinho? (kkk de rir)". Estou famosa! Por este andar, o Filipe La Féria ainda me convida para a próxima peça de teatro (rsrsrs).
Temos que levar a vida a sorrir, porque se formos levar tudo a sério, nem é bom pensar, teríamos TikToks que nunca mais acabavam. Mudando de assunto, estamos na Páscoa e, como aconteceu no Natal, nem parece Páscoa, já tinha comentado e repito: cada vez mais as tradições se quebram, não há aquele glamour de outros tempos. Lembro-me, há uns 15 anos atrás, vendíamos tanto nesta altura, toda a gente queria estrear uma roupa nova (verdade). Aproveitavam as férias das escolas e viajavam até às aldeias para estar com os familiares e amigos, dar o beijo na cruz do compasso, mas sempre de roupa nova. Lembro da minha infância, a minha madrinha, como era modista, mais a minha mãe, faziam-me sempre uma "farpela nova", compravam-me uns sapatos a combinar e, no domingo de Páscoa, desfilava sempre com a roupa nova... Outros tempos!
Hoje em dia, a oferta é tanta, quase diária, seja em grandes superfícies seja em vídeos ou diretos, que praticamente todas as semanas estreamos roupa nova, à distância de um clique no telefone, seja num site, seja numa página de Facebook, e em minutos compramos uma peça nova, longe da magia do comércio tradicional cheio de movimento, multidões a ver as montras, as lojas cheias, o escolher a peça para vestir ou para oferecer. Essa tradição, onde está? Simplesmente desapareceu... A maioria agora aproveita as mini-férias da Páscoa e foge para o calor, e não vão até às aldeias visitar os familiares que, por vezes, estão ansiosos por estas datas para ver os seus entes queridos...
Quero com isto dizer que a Páscoa agora é mais uma data no calendário, quase sem tradição, mas sinal de férias... Com isto quero dizer que nós, comércio de rua, estamos sempre a aprender a reinventar e adaptar as situações. Nada é garantido e, por mais experiência que tenha nesta área, às vezes sinto-me um peixe fora de água, porque sou família e gosto de história e fico triste quando as clientes dizem “Já não ligo nenhuma à Páscoa, gosto é das férias...” O comércio tradicional tem que arranjar estratégias para voltar a puxar os clientes para a rua, a dar valor ao atendimento personalizado, aprender a ouvir, aprender a comunicar.
A maioria das lojas de shopping está a substituir pessoas por máquinas, cada vez mais as pessoas compram sozinhas, pagam sozinhas, colocam as compras nos sacos sozinhas, não falam, não comunicam com ninguém. E o que
acontece a seguir!? Estes “miúdos de hoje em dia” não sabem dizer nada de jeito, não conseguem ter uma conversa porque a bagagem de vida tem zero. E assim é o mundo que vivemos neste momento.
Por isso, queridas seguidoras e amigas, não fiquem tristes nem ofendidas com uma pequena brincadeira de um vídeo que fiz, onde mostro a realidade diária do comércio de rua. A cliente entra, queixa-se que no shopping é tudo igual, ninguém ajuda, são mais um número. Conversam connosco, contam um pouco delas, falamos um pouco de nós, por vezes rimos, choramos, trocamos confidências. Aconselhamos e somos incapazes de impingir seja o que for. No final, por norma, por vezes ao fim de 2h, colocamos tudo nos sacos, fazemos o desconto e por vezes ainda pagam com cartão de crédito, que neste momento nos leva mais 2,5%. E dizem: "Não podes fazer mais desconto? E ainda tenho que pagar os cêntimos?" Não é uma questão de descontinho, é uma questão de bom senso. As lojas de rua muitas vezes passam horas sem ninguém entrar na loja, muitas vezes fechamos a zero, mas as despesas são sempre as mesmas, ou mais ainda.
Não foi para ofender ninguém, foi só uma chamada de atenção e para valorizar um pouco o nosso trabalho, entendem? Teríamos muitas outras histórias para contar, mas também haverá muitos outros blogs.
Retomando ao início, é só para dizer que o nosso TikTok ultrapassa as 93 mil visualizações. Estou mesmo feliz! Aproveitem as férias da Páscoa e visitem-nos, acreditem que fazemos um desconto a todas vocês (risos).
Adoro-vos, meninas. Agradeço sempre ter-vos aqui!
Desejo a todas vocês uma Santa Páscoa.
Um beijo nos vossos corações.
Com carinho, Carla Valente.